Uma mente ameaçada por Bulling

Essa semana o brasil ficou chocado com a barbarie cometida em uma escola no bairro de Realengo na cidade do Rio de Janeiro. Um ex aluno da escola matou brutalmente 12 alunos em sua maioria meninas e deixou ferido outros que sinceramente  não lembro o numero.

Mas, vamos parar e pensar. Por que esse caso não ´foi o único do nosso planeta? por que coisas como essa vem acontecendo em escolas do mundo inteiro? A explicação esta em uma palavra estrangeira bem simples: BULLING, essa palavra desconhecida pra muitos pra mim tem muito significado. não só porque tem aparecido na TV e eu ser uma menina super antenada, mas por que vivi isso na pele.

É muito difícil começar falando sobre isso mas, eu sabia que um dia eu precisaria me manifestar, então lá vai:

Tudo começou quando me mudei. Eu sempre fui uma menina feliz e em casa sempre tive uma relação com minha familia muito boa, meu pai nunca deixou de prover nada e eu sempre tive e ainda tenho uma mãe muito presente e meu pai nunca deixou a desejar, mas na escola as coisas eram extremamente diferentes. Como disse na primeira postagem sempre soube que pensava diferente, via o mundo de forma diferente e por causa disso me dispersava com muita facilidade na escola. Tinha muita dificuldade de escrever o dever no caderno sempre que começava a copiar minhas mãos doiam e por isso demorava muito mais tempo do que o restante, mas isso não era visto com bons olhos pela minha professora, no fina do dia quando eu já havia desistido de tentar copiar ela  vinha olhar os cadernos e o meu, vocês já devem imaginar, então acompanhado o exercício feito pela metade um bilhete sempre vinha para casa.dizendo:

Para:Senhora Jussara

Dona Jussara hoje novamente sua filha não copiou os deveres sugiro que a senhora a coloque para fazer copias pois além de lenta e desatenta sua letra é horrível.

grata: A professora

Continuando minha vida era essa. mas antes de escrever esse lindo bilhete a professora gritava pelo menos uns cinco minutos comigo por não ter feito a tarefa o que fazia com que a platéia que nos  assistia fizesse sempre o mesmo comentário: tinha que ser a perdedora. e daí todos os dias essa rotina se repetia e ninguém podia ver o que o futuro nos reservaria. Um belo dia após receber mais um dos bilhetinhos minha mãe veio me buscar e ouviu a professora perante a classe toda me chamar de cretina. Não esqueço desse dia porque foi daí que começaram as brincadeiras dos outros alunos comigo, e as coisas só começaram a piorar. Uma coisa eu lhes digo amigos quando um professor não se importa com um aluno ou perde o respeito dele pode ficar certo dali não vai se aprender mais nada. depois desse dia todos na sala começaram a me tratar como inferior, e a professora ficou feliz e eu mais revoltada no inicio não reagia, mas com o aumento de insultos eu sabia que poderia aguentar mas eu não esperava que isso fosse crescer da forma como cresceu. BALEIA,  MORCEGÃO, SACO DE BANHA, ARAME FARPADO, isso eu aguentava mas as coisas foram piorando no ano seguinte fui para uma turma de alunos maiores e na sua maioria repetentes embora eu nunca tenha repetido e minhas notas fossem altas ( fato muitíssimo relevante esse embora não fosse boa com copias sempre pegava a matéria muito rápido, por isso que ao fazer as provas tirava notas altas, mas ninguém acreditava em mim por isso era obrigada a fazer as provas em frente a diretora da escola) fui enviada para lá. Todos os dia arrumava um jeito de ser expulsa de sala e sei que era bem melhor ficar do lado de fora do que ser chamada de suja, por causa da minha cor (Eu hoje sei, que isso é racismo, mas antes eu não sabia). 

Alguns alunos podem ser tão malvados na escola a ponto de colocarem seu dinheiro dentro da mochila de outros para que você seja acusado, e isso aconteceu comigo. Daí alguem pode perguntar mas não havia ninguém dentro da sala que via essas coisas acontecendo? Sim havia e esses para que não acontecesse com eles ficavam quietos ou riam da situação dizendo que era brincadeirinha. e eu era a culpada, odiada pelos professores e perdedora pelos da minha sala. 

Mas as coisas mudam, e um dia minha revolta chegou ao limite e após ser expulsa de sala me revoltei. E na hora da saida quando fui buscar minha mochila na sala, um dos garotos que sempre me zoavam e faziam brincadeiras de mal gosto veio me zoar peguei uma cadeira e bati nele, quando o vi no chão e vi que a roda havia se armado a minha volta fui pra cima do garoto no chão e comecei a bater nele. Minha paciência havia se esgotado, tudo o que eles haviam feito comigo aflorou como uma força de raiva intensa e acabei por machucar o garoto. E ser expulsa no mesmo dia da escola, e foi aí que minha raiva cresceu, eu me perguntava o porque de todas as coisas que eles me fizeram passarem impunes mas o que eu fiz ser castigado   na mesma hora. E depois daí tive que ir ao psicólogo para depois de inúmeras seções ele dizer a minha mãe que a minha explosão de raiva vir de uma simples palavrinha inglesa BULLING. Mas o que eu não contei é que essa brincadeirinha dos meus "amiguinhos de escola" deixaram uma profunda cicatriz em minha alma. Por ser chamada de apelidos desagradáveis tive problemas em toda a minha adolescência para me relacionar com os outros. Por ser vista como gorda tive que trabalhar com meu psicólogo em cima da minha baixa estima e só consegui me achar uma garota bonita após meus 18 anos. só vim ter meu primeiro namorado aos 20 anos porque não me sentia segura em relação a qualquer um que se aproximava, na minha cabeça só se aproximavam pra tentar me fazer o mal. por me chamarem de suja adquiri T.O.C Transtorno Obsessivo Compulsivo, e por causa de me achar suja tomo mais de cinco banhos seguidos por dia em momentos de crise forte tomei cerca de cinqüenta banhos no mesmo dia, Ótima brincadeirinha essa dos meus amiguinhos né? e se não fosse o bastante minha professora não fez a mínima questão de saber que eu na verdade tinha a letra ruim e demorava a fazer copias por que tenho DISLEXIA e isso interfere muitíssimo na minha habilidade de escrever.

Digo que o tema dessa postagem é muito importante porque embora eu nunca tenha sido a melhor aluna da sala e tenha sido inferiorizada por todos hoje eu sou estudante de Letras Clássicas na Universidade Federal Fluminense, leio por volta de dez livros por semana (façam as contas e descubram quanto isso dá por ano) e aqueles ótimos alunos que me zoavam ou já estão mortos porque entraram pro trafico de drogas ou estão trabalhando em mercadinhos pela cidade. A unica coisa que eu digo é que a escola continua a mesma desde que eu saí e ainda existem varias Jussaras lá dentro que passam pelas mesmas coisas que eu passei mas que nem todas conseguem dar a volta por cima assim como eu dei e a ameaça que ronda a mente brilhante acaba por obscurecer um futuro tão magnífico de um ser.